Desaparecidos na Amazônia: veja como estão as buscas por indigenista brasileiro e jornalista britânico

 



Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips sumiram no trajeto entre a comunidade de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Uma força-tarefa com militares do Exército e da Marinha trabalha na região. Funai informou que 15 servidores da Fundação e da Força Nacional de Segurança Pública também estão na operação.

O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal "The Guardian", e o indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia, quando faziam o trajeto da comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte.



As buscas ao indigenista e ao jornalista reúnem o Exército, a Marinha, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e a Polícia Federal. O Exército atua desde a tarde de segunda, na região do Vale do Javari, com combatentes de selva da 16º Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Tefé (AM).

A equipe conta com, aproximadamente, 250 homens, com militares especialistas em operações em ambiente de selva que conhecem o terreno onde acontecem as buscas.

A Marinha participa das buscas com o Comando de Operações Navais com helicópteros, motos aquáticas e embarcações, mas não informou quantas pessoas estão na missão.

A Funai informou que a operação foi ampliada com 15 servidores da fundação e da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), sob a coordenação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O desaparecimento foi divulgado na segunda (6) pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI).


Quem são os dois? Receberam ameaça?

Segundo o "The Guardian", jornal para o qual Dom Phillips presta serviço, ele "está trabalhando num livro sobre o meio ambiente com apoio da Alicia Patterson Foundation". O jornal informou ainda que Phillips mora em Salvador (BA) e faz reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos, colaborando com veículos como o próprio "The Guardian", o "Washington Post", o "The New York Times" e o "Financial Times". Bruno Araújo Pereira foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por muitos anos. Segundo a Unijava e o OPI, ele é uma "pessoa experiente e profundo conhecedor da região". Pereira é um dos servidores da Funai com mais conhecimento sobre indígenas isolados e de recente contato. Atualmente, ele estava licenciado da fundação.


Segundo informações da Univaja, o indigenista recebia constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores.


O assessor jurídico da organização, Yura Marubo, disse  que Pereira estava sendo ameaçado por uma organização criminosa que atua no Vale do Javari com tráfico de drogas e desmatamento ilegal, composta por brasileiros, peruanos e colombianos.


"Essas pessoas tiram toneladas e toneladas de pescado, madeira e também fazem o tráfico de drogas no Vale do Javari. Por isso, o nosso trabalho é tão difícil nessa região", disse.


Ele falou sobre o perigo de navegar na região.


"Desconhecemos ameaças de garimpos brasileiros nesse perímetro. Mas tem o lado peruano, do outro lado do rio. A legislação [peruana] é totalmente diferente da nossa. Inclusive tem áreas loteadas pelo governo peruano dando concessão para empresas fazerem exploração, seja madeireira, de garimpo, de pesquisas, enfim. Por isso, é muito perigoso navegar nesse trecho. É uma área muito perigosa. Sabemos que são lugares trafegáveis por guerrilheiros peruanos. Tudo isso é perigoso, ainda mais com a organização criminosa adentrando nessas áreas para ter o controle absoluto".


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