Os eventos extremos climáticos e os recordes de temperatura superados a cada ano nos trazem à tona a realidade enfrentada pelo nosso planeta, o aquecimento global. Ao observar a temperatura da Terra e a concentração de gás carbônico aumentando disparadamente, nos perguntamos: será que o aquecimento global tem solução?
A fim de responder essa pergunta e na esperança de diminuir ou até mesmo reverter os efeitos do aquecimento global, cientistas têm estudado meios de manipular o clima através da utilização de tecnologias avançadas. Essa área da ciência é denominada de geoengenharia climática.
A Terra é aquecida pela luz solar e o calor que é absorvido pela superfície é reemitido de volta para o espaço. Gases de efeito estufa, principalmente o gás carbônico, absorvem parte desse calor reemitido, o que colabora para o aquecimento da atmosfera. Portanto, as duas principais maneiras de diminuir o aquecimento do planeta seriam: criar condições para que a Terra absorva menos luz solar e diminuir a quantidade de gás carbônico. Dessa forma, a geoengenharia climática é dividida em duas áreas: a geoengenharia solar e a geoengenharia do carbono.
Aerossóis na estratosfera: Essa técnica consiste na inserção de aerossóis – pequenas partículas em suspensão na atmosfera- capazes de refletir a luz solar antes dela atingir a superfície terrestre, como o enxofre faz na estratosfera.
Aumento da cobertura de nuvens: Como as nuvens são ótimas refletoras da luz solar, a intenção é introduzir em algumas regiões vapor de água e partículas de aerossóis – que servem como núcleos de condensação de nuvens – os principais ingredientes para a formação de nuvens.
Refletores no espaço: Projeto ambicioso que visa colocar diversos refletores de luz solar na órbita terrestre, o que bloquearia a passagem de uma pequena proporção da luz solar incidente.
Clareamento de nuvens marinhas: Essa proposta pretende deixar as nuvens oceânicas ainda mais brancas, o que as tornaria refletoras mais eficazes da luz solar. Isso seria feito através de navios que borrifariam água marinha no ar, fazendo com que a concentração de sal marinho – importante núcleo de condensação de nuvens- aumente e que haja ainda mais condensação de vapor de água dentro das nuvens, o que as tornariam maiores e mais brancas.
Fertilização dos oceanos: Acrescentar nutrientes, como o ferro, no oceano estimularia o crescimento de fitoplânctons, algas microscópicas capazes de absorver o gás carbônico da atmosfera.
Reflorestamento e Florestamento: As árvores são grandes absorvedoras de gás carbônico. Dessa forma, alguns projetos visam reflorestar grandes áreas que tiveram sua vegetação desmatada e até mesmo florestar regiões que não possuem vegetação, como os desertos.
Captura de carbono: Essa proposta se baseia na construção de grandes máquinas capazes de capturar o gás carbônico da atmosfera e estocá-los no interior da Terra ou dos oceanos.
Os riscos de manipular o clima: Apesar das boas intenções dos projetos de geoengenharia climática, a maioria nunca foi testada e suas consequências são incertas. Por exemplo, projetos como a fertilização dos oceanos poderiam desestabilizar o ecossistema marinho, prejudicando áreas que já estão ameaçadas pelas mudanças climáticas, como a grande barreira de corais da Austrália.
Portanto, muitas questões e esclarecimentos ainda devem ser resolvidos antes da aplicação da geoengenharia climática, enquanto isso, a redução imediata dos gases de efeito estufa, como o gás carbônico gerado pela queima de combustíveis fósseis, é a principal solução para impedir o avanço do aquecimento global.